Valores Organizacionais e Gestão Capitalista
Priscila da Silva Duarte, Andreia Campesi, David Silva da Luz, Maicon de Lima Soares, Elaine John e Leonardo Pinto de Queiroz
Artigo apresentado no dia 22/11/2011 no III Encontro de Gestão de Pessoas e Relações de Trabalho do ANPAD – Tema 6- Prazer e Sofrimento no Trabalho
Com a flexibilidade e a ausência de padrões de autoridade e responsabilidade, o trabalhador passa a ser responsabilizado pela sua própria produtividade, à medida que assume para si os valores organizacionais. Assim, em prol de recompensas tanto salariais quanto de reintegração de indivíduos deixados à margem, aos grupos são impostas questões que ultrapassam o conceito de inclusão e contrariam a ética pela inversão de valores. Sendo assim, os estudos a respeito dos valores organizacionais têm chamado atenção das mais diversas perspectivas teóricas para a compreensão da gestão. Os trabalhadores passaram a constituir seus contextos históricos e socioculturais a partir das organizações, que visando explorar de forma mais eficiente a mão de obra, reduzem custos e geram a acumulação de capital, ao substituir os valores pessoais, que guiam o comportamento dos indivíduos, pelos valores organizacionais, que servem a própria sobrevivência da organização. Sendo assim, o objetivo do presente trabalho é trazer uma reflexão sobre algumas questões éticas que permeiam o ambiente organizacional, tais como: Até que ponto, no campo de gestão, é possível separar o conceito de ética do valor econômico? Quais são os possíveis motivos que levam os trabalhadores a terem sentimentos de conflito, como o prazer e o sofrimento, dentro das organizações? Todas as organizações expressam de maneira clara seus valores sociais, políticos e econômicos para seus trabalhadores? Será que as organizações se sustentam em contextos econômicos e políticos favoráveis à exploração de seus trabalhadores ou não?
Para esclarecer estas dúvidas foi utilizada a obra intitulada A Corrosão do Caráter: Consequências Pessoais do Trabalho no Novo Capitalismo, escrita por Richard Sennett, renomado sociólogo e historiador norte-americano que traz questionamentos sobre valorização pessoal no mundo capitalista à luz da própria história de vida, dando embasamento teórico a este trabalho de fundamento crítico. Além disso, foram feitas as análises documental e do conteúdo exposto em uma revista que consiste num guia de grande circulação nacional, de origem não acadêmica, e, dos documentos auxiliares obtidos por meio do site do guia, os quais são o termo de compromisso, que consiste nas cláusulas que devem ser consideradas para participação no processo, do caderno de evidências das melhores práticas e o laudo técnico que demonstra detalhadamente a metodologia da pesquisa que foi realizada em 2010. Logo, concluiu-se neste estudo, que os valores organizacionais têm expressado, sobretudo, as características da gestão capitalista, enfatizando mais o acúmulo de capital do que as questões éticas, criando um moderno escravo da organização capitalista ao contrapor prazer e sofrimento, da mesma forma que enfatizam cuidados com a saúde e formação profissional com produtividade e máxima eficiência.
[starbox id=”jhfaria,jrvfaria”]