SUSTENTABILIDADE VERSUS CAPITALISMO OU
CAPITALISMO SUSTENTÁVEL? UMA REVISÃO SISTEMÁTICA
DA TENDÊNCIA SECULAR

Diante das atuais crises ambientais e sociais, a sustentabilidade, pautada em uma vida
ambientalmente correta, socialmente justa e economicamente viável, aparece como
uma solução que exige transformações. No entanto, considerando o sistema capitalista
baseado nos princípios da divisão de classes, propriedade privada e na busca por
constante crescimento e acumulação, restam dúvidas sobre a sua capacidade de adquirir
ou não conceitos sustentáveis. Devido a isso, este trabalho teve como objetivo analisar a
relação existente entre a sustentabilidade e o capitalismo, compreendendo se consistem
em fatores antagônicos ou se podem ser conciliáveis. Para tanto, foi realizada uma
revisão sistemática nos bancos de dados do Portal de Periódicos da Capes; da Scientific
Electronic Library Online (Scielo) e da ScienceDirect, a fim de obter a tendência secular
dos trabalhos em relação à temática. Os resultados apontaram 12 artigos que atenderam
aos objetivos estabelecidos, os quais, com exceção de um estudo, tendem para a
necessidade de uma ruptura total do sistema capitalista devido a impossibilidade de
conciliação com o conceito de sustentabilidade, apontando ainda novas direções para
uma sociedade sustentável.

Preferência dos investidores em relação ao perfil econômicofinanceiro das empresas participantes do ISE: revisão sistemática

A inserção da temática Sustentabilidade no contexto empresarial é estabelecida a partir dos elementos voltados ao aspecto econômico, da dimensão social e
ambiental como sendo relevantes à configuração social. A adoção de práticas sustentáveis empresariais parte de demandas de cunho social, mas também das
preferências dos investidores, que buscam aplicar seus recursos em empreendimentos julgados rentáveis. Portanto, considerando a relevância das discussões que
envolvem a Sustentabilidade e as suas decorrências no mercado, a presente pesquisa buscou analisar e conhecer a preferência dos investidores em relação ao
perfil econômico-financeiro das empresas participantes do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da BM&F Bovespa. Para tanto, optou-se pelo
desenvolvimento de uma revisão sistêmica de cunho quantitativo das publicações da ANPAD dos últimos dez anos, considerando o período de 2005 a 2014. As
pesquisas abordam, em unanimidade, o ISE, que mensura as atividades e o desempenho das empresas de capital aberto que empreendem ações com foco na
articulação dos aspectos econômico, social e ambiental. Os resultados apontam que há estudos que sinalizam positivamente para a utilização do Índice de
Sustentabilidade Empresarial como elemento de evidenciação de ações voltadas à sustentabilidade, ressaltando que sua adoção reverteu em benefícios positivos
à empresa. Outros indicam que não podem ser aferidas vantagens relacionadas à melhor visibilidade da empresa no mercado pela simples utilização do Índice de
Sustentabilidade Empresarial, pois as demonstrações revelam que, pela contraposição das tendências e preferências moldadas pelo sistema econômico, não há
evidências que fundamentem tal posição.

Contribuições da teoria da atividade para o estudo das organizações

Este artigo tem como objetivo delinear princípios teóricos metodológicos para o estudo da organização. É adotado o conceito de prática social como menor unidade significativa para análise, compreendendo tal conceito a partir da teoria da atividade sócio-histórica e cultural, apoiando-se nas ideais de Vygotsky, Leontiev, Engestrom e Clot. É defendida aqui a concepção de organização a partir de seu acontecer histórico e dialético, no qual o particular é considerado uma instância da totalidade, a partir de um percurso teórico nas categorias sócio-históricas de: sistemas de atividade situados, sentidos e significados, aprendizagem e desenvolvimento humano. Aponta-se para uma forma de fazer ciência que supera a concepção positivista de método para resultado para uma concepção de método e resultado. A partir dessas categorias teóricas e do relato de três pesquisas realizadas, deduz-se um conjunto de princípios teóricos metodológicos de cunho sócio-histórico que contribuem para o estudo da organização, na medida em que se rompe com a dicotomia indivíduo versus grupo versus organização, com a concepção abstrata e a-histórica do fenômeno organizacional, com a concepção behaviorista de homem predominante nos estudos organizacionais e, finalmente, com categorias que apreendem dimensões subjetivas e intersubjetivas de uma realidade organizacional em constante movimento.

Tecnologia educacional e estilos de aprendizagem

Este artigo apresenta os resultados de uma pesquisa de campo sobre o tema Tecnologia Educacional (Jogos de Empresas) e os Estilos de Aprendizagem de Kolb. Diante da problemática da demanda de recursos tecnológicos que sirvam de auxílio como instrumento ao processo de ensino-aprendizagem abrangente a todos os estilos de aprendizagem, foi aplicado junto a alunos do curso de administração um jogo de empresas, com a finalidade de constatar sua contribuição nas dimensões conhecimento, habilidade e atitudes. Como metodologia foi utilizado uma pesquisa de campo, por meio da aplicação de um jogo de empresas, junto a uma amostra de 123 acadêmicos do curso de administração, divididos em duas Universidades, sendo uma pública e uma privada. A coleta de dados se deu mediante uso de questionário estruturado. Para a análise dos dados foram utilizados diversas recursos estatísticos como análise de Cluster, teste One-way ANOVA, teste Alfa de Cronbach e teste de correlação de Pearson. Os resultados finais apontam para aprovação do jogo de empresas como instrumento de apoio aos métodos tradicionais de ensino-aprendizagem, indicando que este pode contribuir aos diversos estilos de aprendizagem.
Palavras Chave: Tecnologia Educacional, Processo de Ensino-Aprendizagem, Estilos de Aprendizagem.

Trabalho, poder e identidade: o caso de uma associação autogestionária familiar de produção agrícola

Este estudo procurou compreender a forma de gestão de uma associação coletivista de produção atentando às características presentes nas relações intraorganizacionais deste modelo de organização. Buscou-se responder a alguns questionamentos: até que ponto a democracia está presente nas relações em uma organização familiar autogerida? Os trabalhadores que compõem a organização em estudo realmente possuem o controle de seu processo de trabalho? Existe, nessa forma de organização do trabalho, uma reconfiguração da identidade dos trabalhadores capaz de proporcionar maior cooperação entre eles? A pesquisa que resultou neste trabalho constitui-se qualitativa, mediante estudo de caso. Os dados primários foram coletados através de entrevistas semiestruturadas e observação não participante, e os dados secundários mediante análise de documentos. Para a análise dos dados, foi utilizado o método descritivo-qualitativo. O texto conclui que, na associação em estudo, o sentido constituinte das relações de trabalho não se restringe à lógica da acumulação do sistema capitalista; as relações assumem outros significados, o que se torna evidente quando os trabalhadores tornam-se responsáveis pela coordenação de suas atividades e também por toda a produção, bem como pelo valor gerado por ela.