Este estudo procurou compreender a forma de gestão de uma associação coletivista de produção atentando às características presentes nas relações intraorganizacionais deste modelo de organização. Buscou-se responder a alguns questionamentos: até que ponto a democracia está presente nas relações em uma organização familiar autogerida? Os trabalhadores que compõem a organização em estudo realmente possuem o controle de seu processo de trabalho? Existe, nessa forma de organização do trabalho, uma reconfiguração da identidade dos trabalhadores capaz de proporcionar maior cooperação entre eles? A pesquisa que resultou neste trabalho constitui-se qualitativa, mediante estudo de caso. Os dados primários foram coletados através de entrevistas semiestruturadas e observação não participante, e os dados secundários mediante análise de documentos. Para a análise dos dados, foi utilizado o método descritivo-qualitativo. O texto conclui que, na associação em estudo, o sentido constituinte das relações de trabalho não se restringe à lógica da acumulação do sistema capitalista; as relações assumem outros significados, o que se torna evidente quando os trabalhadores tornam-se responsáveis pela coordenação de suas atividades e também por toda a produção, bem como pelo valor gerado por ela.