Vínculos organizacionais

Este artigo é um estudo de caso único, realizado junto a uma organização pública municipal de Curitiba, e tem como objetivo investigar e compreender os vínculos organizacionais. O estudo dos vínculos é feito por meio dos seus elementos constitutivos: a identificação, o sentimento de pertença, a cooper- ação, a participação, a criação de inimigos, a idealização, o reconhecimento e valorização dos indivíduos, a solidariedade, a integração, o crescimento e desen- volvimento pessoal e profissional e a autonomia. Foram utilizados, como ins- trumentos de coleta, questionário fechado e análise documental. O resultado dessa pesquisa é a caracterização dos elementos que são importantes na formação e manutenção dos vínculos e, conseqüentemente, para o comprometi- mento dos empregados com os objetivos, políticas, problemas, desempenho e resultados da organização.

Saúde mental no trabalho: contradições e limites

Ao longo do desenvolvimento do capitalismo, a concepção do que seja a saúde do trabalhador modificou-se, passando do patamar da ‘preocupação com a sobrevivência do corpo’ para a ‘preocupação com a saúde mental do trabalhador’. A gestão da saúde foi sendo incorporada às novas formas de gestão dos empreendimentos capitalistas, mas a despeito disso, o sofrimento no trabalho continua, expresso em manifestações como estresse, fadiga crônica, burnout, DORT etc. Este artigo busca identificar e analisar, através de um estudo de caso, as contradições existentes acerca das estratégias organizacionais adotadas sobre Saúde Mental no Trabalho, tendo como referência a percepção dos trabalhadores. Os resultados mostraram que os programas de saúde são baseados em intervenções pontuais, paliativas e estão relacionados ao sistema de controle da organização atuando em cima dos efeitos da organização do trabalho, não se baseando numa real preocupação com a saúde do trabalhador.

Teoria crítica em estudos organizacionais no Brasil: o estado da arte

Vou procurar argumentar, neste artigo, que a teoria crítica, entendida como marxismo ocidental, somente agora tem, no Brasil, na área de estudos organizacionais, uma produção sistemática relevante. Ao contrário das crenças fixadas na academia, no Brasil, não houve nessa área de estudos uma linha de pesquisa com substância histórica. Isso não será feito de forma exaustiva, primeiro de tudo, porque não é o propósito dessas reflexões e, em segundo lugar, porque muitas das questões que serão aqui abordadas já foram tratadas em outros textos.

Para facilitar minha exposição, procurarei explorar o tema a partir de quatro questões: Teoria Crítica; Teoria Crítica em Estudos Organizacionais; Critical Management Studies; Análises Críticas em Estudos Organizacionais. É importante considerar que as mesmas não esgotam o conjunto das abordagens necessárias ao esclarecimento do tema do estado da arte da teoria crítica no Brasil, mas oferecem uma boa pista de investigação e um proveitoso motivo para polêmicas, que espero possam ocorrer.

Consciência crítica com ciência idealista: paradoxos da redução sociológica na fenomenologia de Guerreiro Ramos

O propósito deste artigo é elaborar uma crítica da concepção de Guerreiro Ramos nos estudos organizacionais a partir das suas contribuições mais conhecidas, consultadas e referenciadas, de forma a compreender seus fundamentos e suas vinculações, com o objetivo de defender a tese de que as análises críticas de Guerreiro Ramos não autorizam incluí-lo ou considerá-lo como vinculado à Teoria Crítica. As posições críticas de Guerreiro Ramos, conforme será mostrado, baseiam-se no emprego que faz em suas reflexões da fenomenologia, especialmente a de Husserl. Para defender a tese proposta, as análises serão realizadas do ponto de vista da Teoria Crítica. Para tanto, este estudo está organizado em três partes. Na primeira, tratará dos contornos conceituais do que se entende por Teoria Crítica e fenomenologia, de maneira a fundamentar a análise. Na segunda, exporá a proposta da redução sociológica formulada por Guerreiro Ramos, agregada à sua crítica à sociologia brasileira e à proposição de uma nova ciência das organizações. Na terceira, encaminhará uma análise crítica objetiva da concepção de Guerreiro Ramos, tendo por base uma postura metodológica que integra o significado das obras criticadas nos fatos, levando em consideração o significado de sua produção intelectual e a vinculação com a situação existencial.

O capitalismo totalmente flexível: o adeus ao liberalismo e ao keynesianismo clássico e a metamorfose da economia de mercado

Os liberais clássicos defendem a concepção do Estado Mínimo, da não intervenção do Estado na economia e da livre concorrência. O mercado é a entidade divina em que todos os problemas, todos os desequilíbrios e todas as crises se resolverão graças ao processo naturalizado de seleção competitiva. Os liberais contemporâneos ou os novos liberais, no entanto, ainda que continuem endeusando o mercado, são como aqueles filhos que decretam sua independência e vão morar fora da casa dos pais, sem, contudo, deixar de receber uma polpuda mesada. Na primeira crise financeira, estes filhos liberais ligam imediatamente para a casa dos pais pedindo dinheiro para pagar as despesas. Se, com o tempo, esta estratégia não der resultado, os filhos liberais voltam a habitar o estado da casa dos pais até que as coisas melhorem e eles possam, novamente, reclamar o ambiente privado de sua independência

(Sem) saber e (com) poder nos estudos organizacionais

Bacon afirma que saber é poder. Tragtenberg contesta. Essa discussão, na contemporaneidade, faz-se mais importante do que se possa imaginar. Por isso, o objetivo central deste artigo é verificar as relações entre saber e poder, na atualidade, levando em consideração o papel da ciência e dos elementos imediatos a ela relacionados. Quanto aos objetivos específicos deste estudo, destacam-se: – compreender o sentido da filosofia e da ciência e suas relações com a ideologia; – verificar como o discurso da neutralidade axiológica da ciência se apresenta como mito da modernidade e como se dá a presença da “fé” na filosofia e na ciência, na contemporaneidade; – refletir sobre a consolidação da ciência como força produtiva e/ou como mercadoria no atual sistema econômico; – destacar a importância do complexo industrial militar como financiador de grande parte dos atuais estudos científicos; – entender o processo de racionalização, avaliando a importância do pragmatismo e da burocracia universitária como afirmação da ciência na atualidade. O texto conclui que tanto é possível a existência de saber como poder (Bacon) como a de não saber, mas com poder (Tragtenberg) para compreendermos a relação entre saber e poder.

LIDERANÇA E ORGANIZAÇÕES

A liderança pode ser considerada um papel social que deve ser desempenhado tendo como suporte alguns princípios básicos. A liderança que procura seguir estes princípios desencadeia o potencial humano individual de integrante de um coletivo. Do líder dependem muitas pessoas, que depositam nele suas esperanças para melhorar suas condições de trabalho e realizar seus objetivos individuais. O líder tem como atributo a tarefa de proteção dos seus subordinados quanto às más condições de trabalho, às arbitrariedades na atribuição de tarefas e aos riscos ligados aos trabalhos, independentemente se estas situações causem impactos negativos na eficiência do trabalho. Assim, a qualidade de trabalho e, em parte, a qualidade de vida, são atribuições do líder. Neste sentido é que a liderança deve ser concebida como condição, atributo ou capacidade de um sujeito individual ou coletivo de mobilização de outros sujeitos ou indivíduos devido à sua ação diante de situações de sofrimento, indecisão ou preenchimento de desejos e necessidades por parte dos liderados.

RELAÇÃO ENTRE O TRABALHO DO SÉCULO XIX E XXI: BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS E LEGISLAÇÃO TRABALHISTA BRASILEIRA

Este artigo apresenta uma caracterização do Direito do Trabalho no Brasil, iniciando pela Revolução Industrial no século XVI, perpassando seu desenrolar e progresso até o século XXI, com a finalidade de compreender o problema das patologias no trabalho. A metodologia utilizada baseia-se em pesquisa documental e pesquisa no campo empírico por meio de entrevistas a partir da eleição de categorias de análise. A análise dos dados possibilitou concluir que no século XVI o operário sofria com a precariedade das condições físicas sob o amparo do estatuto legislativo do trabalho. Atualmente, passado seis séculos de lutas por melhores condições de vida, o trabalhador depara-se com o desfalque na seguridade trabalhista, também ao abrigo do estatuto legislativo, quando se trata de direitos do trabalhador.

Dialética negativa e a tradição epistemológica nos estudos organizacionais

A primazia do objeto é condição fundamental de compreensão da realidade para a dialética negativa proposta por Adorno. Este ensaio tem como objetivo principal apresentar a Dialética Negativa como método de refl exão, bem como suas eventuais contribuições para os Estudos Organizacionais. Para isto, será necessário verifi car como a Dialética Negativa se apresenta como um “atentado” contra a tradição; como o cognoscível é construído na relação objeto ↔ sujeito ↔ objeto pelo princípio da não identidade; como a aparência e a contradição são elementos de recusa a uma totalidade defi nitiva; como o conceito, enquanto elaboração do pensamento, e as categorias, enquanto modo de apreensão do real pelo pensamento, são elementos constitutivos da formação da realidade; e como se formam os sistemas totalitários. Com isto, será possível verifi car como a construção do entendimento ocorre por meio de construções afirmativas contrárias à Dialética Negativa, que se fi rma com base no princípio da não-identidade. Também será possível compreender como os chamados Estudos Organizacionais em geral se caracterizam por concepções epistemológicas que podem ser fontes inesgotáveis de análise sob a perspectiva da Dialética Negativa.

Cuidados Paliativos em pacientes fora de possibilidade terapêutica

É preciso assumir o conceito de que nenhum ser humano será totalmente saudável ou totalmente doente como processo que exige nova maneira de pensar saúde e doença, como mudança na concepção de mundo e de vulnerabilidade, priorizando a paliação. Este artigo objetiva resgatar a construção histórica do conceito de cuidados paliativos e de sua implantação, para contextualizar os aspectos necessários à formação dos profissionais voltados para essa atividade, especialmente para o atendimento de pacientes jovens, em fase terminal. Procedeu-se a revisão opinativa da literatura sobre cuidados paliativos, com propósito analítico, de abrangência temática, função histórica e abordagem crítica, selecionando 35 artigos dentre 499, publicados entre 1999 e 2010. Partindo da construção histórica dos cuidados paliativos, teceram-se considerações sobre as exigências para formação dos profissionais em cuidados paliativos e para os desafios para paliação de crianças e adolescentes. A afirmação da vida e a certeza da morte como processo normal do viver foram ressaltadas, demonstrando o porquê ambas devem ser alvo de cuidados, com a diferença de que os cuidados paliativos são uma área relativamente nova e envolvem questões mais globais e abrangentes a serem inseridas na formação dos profissionais de saúde.