Este artigo propõe uma reflexão acerca da possibilidade de construção de processos contra-hegemônicos no seio do processo de produção capitalista. O conceito de hegemonia, desenvolvido dentro de uma tradição do materialismo histórico dialético e amplamente discutido por Gramsci, pode ser definido como uma relação de domínio de determinado estrato social pela formação da vontade coletiva, o que envolve as dimensões econômicas, políticas, intelectuais e morais. No entanto, é na relação entre as dimensões objetivas e subjetivas que os interesses e vontades de um determinado grupo social se fazem valer sobre outros. Assim, Gramsci (1984), enaltece os processos subjetivos para a compreensão do movimento dinâmico de dominação, dando ênfase aos estudos sobre a consciência humana. Dentro da noção vigotskiana de consciência, afere-se que o entendimento da dimensão subjetiva é insuficiente para abarcar a complexidade dos processos psicológicos envolvidos na execução da hegemonia. Assim, busca-se num referencial de desenvolvimento humano de fundamento psicanalítico, a chave para dissolução dessa problemática. A partir de um modelo de mente e da possibilidade de colocar em curso um movimento de contra-hegemonia no seio das organizações, articulam-se neste artigo algumas idéias preliminares sobre o tema.
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Liderança, Mito e Identificação: Faces do Controle Afetivo nas Organizações de Trabalho
O presente trabalho versa sobre a lógica e a prática do controle afetivo em duas organizações a partir de processos de identificação com um líder e um mito. O controle social e psíquico é de fundamental importância para que as organizações atinjam seus objetivos e se mantenham sobreviventes num mercado de competitividade acirrada, sendo assim, essa prática tem sofrido constantes aprimoramentos, culminando no controle de comportamentos e pensamentos a partir do engajamento afetivo. A identificação é um processo psíquico e subjetivo, portanto de difícil percepção, mas de efetivo controle. Para a consecução da análise proposta foi realizada uma pesquisa de campo descritivo-qualitativa de corte transversal em duas organizações multinacionais: uma da indústria de metalurgia, com forte presença do mito-fundador como elemento identificatório, e outra de logística, na qual observa-se uma forte vinculação dos indivíduos com a organização através da figura do seu diretor-presidente, um líder bastante efetivo. No cerne conclusivo, intenta-se que o fascínio amoroso e a identificação com as figuras do líder e do mito caracterizam uma relação de controle e poder que canaliza a energia libidinal dos indivíduos pra fins produtivos e bem servem aos desígnios das organizações capitalistas contemporâneas.
A Gestão por Competências no Quadro da Hegemonia: estudo de caso numa organização multinacional de logística
O objetivo do presente artigo é caracterizar os programas de gestão por competências como instrumento da hegemonia capitalista nas organizações. Para tanto, realizou-se um estudo de caso descritivo-qualitativo numa empresa multinacional da área de logística. Os resultados apontam que a gestão por competências apresenta-se como um elemento essencial na formação da vontade coletiva dos trabalhadores na realização dos objetivos capitalistas, fornecendo um conjunto de comportamentos aceitáveis para as pessoas. De uma forma concreta, a gestão por competências orienta as ações de gestão de pessoas no sentido de valorizar os comportamentos desejáveis e punir (ameaçando, inclusive, sob pena de desligamento da organização) os “não talentos”, atuando de forma intensa e sutil como instrumento da hegemonia capitalista informacional.
Economia Política do Poder e Subjetividade
Resumo do post
Universidades corporativas e controle social
As faces da habituação e da instrumentalização do sujeito trabalhador em uma organização multinacional da área de logística. Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Administração, ênfase em Estratégia e Organizações, Setor de Ciências Sociais Aplicadas, Universidade Federal do Paraná.