Em diversas ocasiões e situações, os pesquisadores se defrontaram com queixas e reclamações produzidas sob as mais diversas formas sobre a qualidade de vida ou, mais precisamente, sobre a saúde física e mental dos professores submetidos às exigências de desempenho, medido por indicadores de produtividade. O objetivo do presente estudo o foi o de verificar quais fatores influenciavam as condições e a satisfação no e com o trabalho dos docentes de cursos de mestrado e doutorado em três universidades públicas do Paraná e como o faziam. Do ponto de vista das relações de trabalho, esta questão estava posta no paradoxo entre discurso e ação, como não poderia deixar de ser haja vista a inicial arbitrária. Mas, o que se evidenciou foi mais do que isto. A estrutura do problema estava também posta em termos de um confronto dialético no interior da ação, ou seja, entre ação e ação, enquanto unidade de contrários. O problema teórico, portanto, estava em encontrar a correta fundamentação para esclarecer esta dialética e em expor os resultados de maneira adequada. A pesquisa mostrou que seis fatores afetam a capacidade de trabalho e a satisfação com e no trabalho, sendo cinco em uma relação direta e um em uma relação inversa. Este artigo propõe uma reflexão acerca da possibilidade de construção de processos contra-hegemônicos no seio do processo de produção capitalista. O conceito de hegemonia, desenvolvido dentro de uma tradição do materialismo histórico dialético e amplamente discutido por Gramsci, pode ser definido como uma relação de domínio de determinado estrato social pela formação da vontade coletiva, o que envolve as dimensões econômicas, políticas, intelectuais e morais. No entanto, é na relação entre as dimensões objetivas e subjetivas que os interesses e vontades de um determinado grupo social se fazem valer sobre outros. Assim, Gramsci (1984), enaltece os processos subjetivos para a compreensão do movimento dinâmico de dominação, dando ênfase aos estudos sobre a consciência humana. Dentro da noção vigotskiana de consciência, afere-se que o entendimento da dimensão subjetiva é insuficiente para abarcar a complexidade dos processos psicológicos envolvidos na execução da hegemonia. Assim, busca-se num referencial de desenvolvimento humano de fundamento psicanalítico, a chave para dissolução dessa problemática. A partir de um modelo de mente e da possibilidade de colocar em curso um movimento de contra-hegemonia no seio das organizações, articulam-se neste artigo algumas idéias preliminares sobre o tema. O presente trabalho versa sobre a lógica e a prática do controle afetivo em duas organizações a partir de processos de identificação com um líder e um mito. O controle social e psíquico é de fundamental importância para que as organizações atinjam seus objetivos e se mantenham sobreviventes num mercado de competitividade acirrada, sendo assim, essa prática tem sofrido constantes aprimoramentos, culminando no controle de comportamentos e pensamentos a partir do engajamento afetivo. A identificação é um processo psíquico e subjetivo, portanto de difícil percepção, mas de efetivo controle. Para a consecução da análise proposta foi realizada uma pesquisa de campo descritivo-qualitativa de corte transversal em duas organizações multinacionais: uma da indústria de metalurgia, com forte presença do mito-fundador como elemento identificatório, e outra de logística, na qual observa-se uma forte vinculação dos indivíduos com a organização através da figura do seu diretor-presidente, um líder bastante efetivo. No cerne conclusivo, intenta-se que o fascínio amoroso e a identificação com as figuras do líder e do mito caracterizam uma relação de controle e poder que canaliza a energia libidinal dos indivíduos pra fins produtivos e bem servem aos desígnios das organizações capitalistas contemporâneas. O presente artigo tem por objetivo analisar a gestão de recursos humanos como um exercício da ideologia corporativa atual. Assume-se, para tanto, o pressuposto de que a organização é um mecanismo de mediação, um “amortecedor”, das contradições inerentes ao sistema produtivo ao qual se insere, no caso, o capitalismo pós-industrial. A gestão de recursos humanos apresenta-se como uma aliada fundamental da organização nesse sentido, constituindo o principal componente de seu aparelho ideológico. Este trabalho foi realizado por meio de um estudo de caso descritivo-qualitativo, de corte transversal, numa organização multinacional do setor de logística. A análise do caso pretende demonstrar o alto investimento feito pelas práticas de recursos humanos nos aspectos ideológicos, bem como sua sofisticação, tendo em vista o engajamento dos sujeitos na organização. Este artigo é um estudo de caso único, realizado junto a uma organização pública municipal de Curitiba, e tem como objetivo investigar e compreender os vínculos organizacionais. O estudo dos vínculos é feito por meio dos seus elementos constitutivos: a identificação, o sentimento de pertença, a cooper- ação, a participação, a criação de inimigos, a idealização, o reconhecimento e valorização dos indivíduos, a solidariedade, a integração, o crescimento e desen- volvimento pessoal e profissional e a autonomia. Foram utilizados, como ins- trumentos de coleta, questionário fechado e análise documental. O resultado dessa pesquisa é a caracterização dos elementos que são importantes na formação e manutenção dos vínculos e, conseqüentemente, para o comprometi- mento dos empregados com os objetivos, políticas, problemas, desempenho e resultados da organização. Ao longo do desenvolvimento do capitalismo, a concepção do que seja a saúde do trabalhador modificou-se, passando do patamar da ‘preocupação com a sobrevivência do corpo’ para a ‘preocupação com a saúde mental do trabalhador’. A gestão da saúde foi sendo incorporada às novas formas de gestão dos empreendimentos capitalistas, mas a despeito disso, o sofrimento no trabalho continua, expresso em manifestações como estresse, fadiga crônica, burnout, DORT etc. Este artigo busca identificar e analisar, através de um estudo de caso, as contradições existentes acerca das estratégias organizacionais adotadas sobre Saúde Mental no Trabalho, tendo como referência a percepção dos trabalhadores. Os resultados mostraram que os programas de saúde são baseados em intervenções pontuais, paliativas e estão relacionados ao sistema de controle da organização atuando em cima dos efeitos da organização do trabalho, não se baseando numa real preocupação com a saúde do trabalhador. Vou procurar argumentar, neste artigo, que a teoria crítica, entendida como marxismo ocidental, somente agora tem, no Brasil, na área de estudos organizacionais, uma produção sistemática relevante. Ao contrário das crenças fixadas na academia, no Brasil, não houve nessa área de estudos uma linha de pesquisa com substância histórica. Isso não será feito de forma exaustiva, primeiro de tudo, porque não é o propósito dessas reflexões e, em segundo lugar, porque muitas das questões que serão aqui abordadas já foram tratadas em outros textos.
Para facilitar minha exposição, procurarei explorar o tema a partir de quatro questões: Teoria Crítica; Teoria Crítica em Estudos Organizacionais; Critical Management Studies; Análises Críticas em Estudos Organizacionais. É importante considerar que as mesmas não esgotam o conjunto das abordagens necessárias ao esclarecimento do tema do estado da arte da teoria crítica no Brasil, mas oferecem uma boa pista de investigação e um proveitoso motivo para polêmicas, que espero possam ocorrer. O propósito deste artigo é elaborar uma crítica da concepção de Guerreiro Ramos nos estudos organizacionais a partir das suas contribuições mais conhecidas, consultadas e referenciadas, de forma a compreender seus fundamentos e suas vinculações, com o objetivo de defender a tese de que as análises críticas de Guerreiro Ramos não autorizam incluí-lo ou considerá-lo como vinculado à Teoria Crítica. As posições críticas de Guerreiro Ramos, conforme será mostrado, baseiam-se no emprego que faz em suas reflexões da fenomenologia, especialmente a de Husserl. Para defender a tese proposta, as análises serão realizadas do ponto de vista da Teoria Crítica. Para tanto, este estudo está organizado em três partes. Na primeira, tratará dos contornos conceituais do que se entende por Teoria Crítica e fenomenologia, de maneira a fundamentar a análise. Na segunda, exporá a proposta da redução sociológica formulada por Guerreiro Ramos, agregada à sua crítica à sociologia brasileira e à proposição de uma nova ciência das organizações. Na terceira, encaminhará uma análise crítica objetiva da concepção de Guerreiro Ramos, tendo por base uma postura metodológica que integra o significado das obras criticadas nos fatos, levando em consideração o significado de sua produção intelectual e a vinculação com a situação existencial. Os liberais clássicos defendem a concepção do Estado Mínimo, da não intervenção do Estado na economia e da livre concorrência. O mercado é a entidade divina em que todos os problemas, todos os desequilíbrios e todas as crises se resolverão graças ao processo naturalizado de seleção competitiva. Os liberais contemporâneos ou os novos liberais, no entanto, ainda que continuem endeusando o mercado, são como aqueles filhos que decretam sua independência e vão morar fora da casa dos pais, sem, contudo, deixar de receber uma polpuda mesada. Na primeira crise financeira, estes filhos liberais ligam imediatamente para a casa dos pais pedindo dinheiro para pagar as despesas. Se, com o tempo, esta estratégia não der resultado, os filhos liberais voltam a habitar o estado da casa dos pais até que as coisas melhorem e eles possam, novamente, reclamar o ambiente privado de sua independência